sábado, 28 de maio de 2011

Yes! nós temos metal!!!

De todos os movimentos roqueiros do Brasil, o heavy metal sempre foi o que amealhou os fãs mais devotados. Liderada pelo Sepultura, a caravana metálica queria provar que brasileiro também poderia bater cabeça pelo mundo. E não é que conseguiu?
No final dos anos 80, uma banda brasileira de rock subir ao palco do Marquee, em Londres, era um delírio equivalente a imaginar um timeco de várzea jogando em pleno maracanã.
Mesmo que fosse uma partida preliminar – como era o caso do Sepultura, em 1989, em sua primeira turnê internacional, quando aparecia nos cartazes como banda de apoio dos alemães do Sodom.
Todo pimpões pelo feito, os mineiros resolveram dar uma conferida na fila para a compra de ingresso que se formava na porta do local. O queixo dos quatro foi ao chão quando notaram que a presença de camisetas com o logotipo de sua banda era muito maior do que a dos donos da festa. Ali, perceberam que tinham atingido um novo status no universo negro do gênero. A banda, formada fazia seis anos em Belo Horizonte, seria, a partir daquela tarde, um gigante do metal.
“A fila no lado de fora era praticamente toda para ver o Sepultura”, confirma o guitarrista Andreas Kisser. “Ninguém ligava muito para o Sodom.” A turnê divulgava Beneath the Remains (1989) – quarto disco da banda depois do split de estréia Bestial Devastation (1985), gravado com os também mineiros do Overdose, Morbid Visions (1986) e Schizophrenia (1988). O novo LP, entretanto, vinha sendo comparado pela imprensa internacional aos melhores momentos de bandas veneradas como Kill’em All, do Metallica, e Reign in Blood, do Slayer, tidos como divisores de águas no mundo metálico.
“Percebemos que estávamos fazendo algo de importante quando começamos a ser comparados com esses caras”, lembra Kisser. “Essa turnê mostrou a força do Sepultura fora do Brasil. O primeiro show foi na Áustria, com o Sodom. Depois, tocaríamos em mais de dez países.” Era o primeiro tentáculo internacional de um movimento que corroía a estrutura do underground brasileiro desde o começo da década.
A primeira manifestação concreta de que existia um movimento digno de nota no Brasil foi a publicação do primeiro número do então fanzine Rock Brigade, em fevereiro de 1982, pouco depois de o país ter estreado na rota dos shows internacionais de nomes próximos ao gênero, como a visita do Queen, no ano anterior. A enorne procura pelo fanzine xerocado provou que havia headbangers sedentos por produtos direcionados, forjados em aço. No ano seguinte, o Van Halen desembarcou no país e, em junho, o Kiss lotou o Morumbi, em São Paulo, mostrando que existia uma guerrilha em formação apesar da vista grossa dos meios de comunicação.
Em tempos não agraciados por recursos como a internet, as informações podiam demorar a chegar, mas chegavam. E o som pesado estimulava o bater cabeça ritmado. Em agosto de 1982, em Belém, “distante” capital paraense, o grupo Stress lançava seu primeiro disco, homônimo. Pouco depois, Dorsal Atlântica e Metalmorphose dividiam um LP na estréia de bandas cariocas no gênero. E, em São Paulo, a banda Karisma lançava pela guerreira Baratos Afins o álbum de estréia, Revenge. Sim, formava-se uma cena de heavy metal no país.
Romantismo
Centúrias, Santuário, Azul Limão, Harppia, Abutre, Vírus, Cérbero, Nostradamus e Mammooth chegavam para reforçar o time. Em 1984, as bandas paulistanas ganharam um canal maior de exposição, novamente via Baratos Afins, com a coletânea SP Metal. Nesta, quatro bandas – Salário Mínimo, Centurias, Vírus e Cérbero –, com duas músicas cada uma, tiveram a chance de mostrar serviço. Analisado hoje, o resultado sonoro é tosco. Mas o que interessava era o registro em vinil, o que nos colocava lado a lado com nossos pares estrangeiros.
A base do cenário era a cartilha lançada no começo da década pela chamada “new wave of British heavy metal”, movimento em que despontaram Iron Maiden, Judas Priest, Saxon e Def Leppard. A influência chegava a ser gritante: tínhamos nosso Iron Maiden (Viper), nosso Manowar (Santuário), nosso Judas Priest (Salário Mínimo)... Jack Santiago, o endiabrado vocalista do Harppia, hoje com 40 anos no lombo, recorda a aventura pioneira: “Queríamos imitar o Judas, o Iron. Cinturões com tachinhas, luvas, cintos. Mas aí a luva suava muito e eu tinha de tirar. O jaco de couro, a mesma coisa. Era difícil ser headbanger num país tropical”.
O percalço do metal brasileiro ia além dos fenômenos climáticos. “Praticamente não havia estúdios em São Paulo”, lembra Felipe Machado, do Viper. “Quer dizer, eram muito caros e só bandas pop usavam”, corrige. “Também não havia gente especializada em gravar aquele som pesado. Os caras ligavam a guitarra direto na mesa de som. Fomos os primeiros a fazer sucesso com um som mais trabalhado e vocal caprichado. Nosso primeiro disco (Soldiers of Sunrise, 1987) já tinha certa preocupação com a qualidade e saiu depois na Europa e no Japão. Mesmo assim, ouvindo hoje, o som é meia-boca.”
Se não havia estúdios nem produção própria decente, locais para shows como o Lira Paulistana e o Espaço Mambembe ofereciam condições razoáveis para as bandas tocarem. E existia a Woodstock, loja que virou o núcleo brasileiro do metal. Os belo-horizontinos do Sepultura faziam excursões mensais à loja, localizada no centro de São Paulo e que opera até hoje, para adquirir as novidades do gênero. E por novidades não entenda apenas os lançamentos em disco. Na época, valia qualquer coisa – existia um comércio operante de fitas piratas na porta da loja – e vendia-se de tudo: recortes de revistas importadas, fotos e vídeos.
A própria Woodstock promovia sessões de vídeos piratas. Assim, a loja se transformava em “cinema” nas tardes de sábado com a apresentação de fitas de bandas como Venom, Slayer, Metallica e Exciter. A qualidade do material (geralmente gravações feitas por alguém da platéia, resultando em imagens tremidas) não importava. Mas o filé da loja era a muamba que o dono, Walcyr Chalas, “importava” de suas peregrinações a Londres, discos, vídeos, patches (retalhos estampados com imagens, que os fãs costuravam nas jaquetas ou nas calças) e os famosos “buttons”.
“Existia um certo romantismo”, ressalta Felipe Machado. “Como não havia esperança de fazer sucesso, as bandas tocavam porque gostavam mesmo. Era mais difícil encontrar discos de bandas underground – tudo era importado ou pirata. E instrumentos como Fender e Gibson eram muito caros, então a gente comprava Giannini e trocava os captadores”, ressalta Machado. O heavy metal brasileiro era uma máquina alimentada por poucas pessoas, mas fiéis até o último fio de cabelo comprido. Isso até Roberto Medina inventar o Rock in Rio e a Rede Globo popularizar o termo “metaleiro”.
Chifrinho
Chamar um headbanger de “metaleiro” era grave ofensa! Segundo a doutrina from hell, metaleiros eram os novos convertidos, pós-Rock in Rio, que entraram na onda depois de Whitesnake, Scorpions, AC/DC, Ozzy Osbourne e Iron Maiden tocarem na Cidade do Rock. Os verdadeiros discípulos do Deus Metal eram os que empurravam a roda do gênero antes disso, quando qualquer pessoa de bem trocava de calçada ao deparar com um cabeludo, de roupa preta, calça apertada e tênis branco de cano alto andando despreocupado pela rua.
Foram necessários a aprovação mundial a partir de 1989 e o retorno com o passaporte amplamente carimbado para que o metal fosse valorizado no país. “(Essa valorização) só aconteceu quando o Sepultura saiu na frente do Stone Roses na parada do (jornal) Melody Maker. Depois, quando tocamos no Rock in Rio II (em 1991), a imprensa brasileira começou a prestar atenção”, confirma Kisser.
Hoje é fácil ser do metal. Até Caetano Veloso pode fazer o supremo sinal do “chifrinho” (indicador e mindinho em riste) que pega bem. Algo péssimo segundo a concepção dos desbravadores, que não aceitavam o que consideravam “modistas”, o metal passou a virar uma indústria de fato. A Rock Brigade se transformou em revista de circulação mensal (e hoje comporta até uma edição em espanhol), e as bandas começaram a desembarcar por aqui. Os primeiros tinham sido Exciter e Venom, seguidos pelo Quiet Riot, no final de 1986. Quando o Metallica chegou, em 1989, foi para tocar num espaço como o Ginásio do Ibirapuera (SP). Ah, se Ronnie James Dio tivesse patenteado o gesto do chifrinho quando as vacas eram magras...
“Os anos 80 foram bem mais férteis e criativos, e isso não é só papo de nostalgia para headbanger dormir”, defende Felipe Machado. “Acho que tem relação com o deslocamento da cena da Inglaterra para a Alemanha. Os ingleses eram mais talentosos: Iron Maiden, Saxon, Def Leppard, Judas Priest. Depois vieram os alemães, como o Helloween, e todos começaram a fazer um som repetitivo e exagerado, com aqueles vocais agudos. Quanto ao thrash metal, também acho que perdeu em criatividade. Metallica, Exodus, Slayer e Anthrax eram bem mais legais que esse nu-metal, cuja música só é pesada graças a afinações mais baixas e vocais horríveis”, opina. “Nos anos 90 a coisa ficou um pouco plástica demais”, endossa Kisser.
E pega bem ser do metal hoje em dia, Andreas Kisser? “Não. O estilo ainda sofre muito preconceito e sobrevive da paixão dos fãs e das bandas de garagem, que sempre despontam com energia nova. Ainda temos um caminho longo a percorrer para o metal ser realmente aceito e compreendido por todos.” Amém.

 

1989
Janeiro
• Depois do insucesso do Plano Cruzado, Sarney anuncia o Plano Verão, congelando mais uma vez preços e salários.
• Morre o pintor Salvador Dalí.
Fevereiro
• Morre Lael Rodrigues, diretor dos filmes Bete Balanço, Rock Estrela e Rádio Pirata.
• O aiatolá Khomeini condena à morte Salman Rushdie, autor do livro Versos Satânicos.
• Roberto Carlos recebe o Grammy de melhor cantor pop latino.
• Keith Richards anuncia a volta dos Rolling Stones, depois de fortes rumores sobre o fim do grupo.
Março
• O grupo Time Inc. funde-se à Warner Communications, formando a Time-Warner, o maior conglomerado de jornalismo e entretenimento dos Estados Unidos.
• O Stone Roses lança seu primeiro álbum. A banda seria fundamental ao aliar rock de guitarras a batidas eltetrônicas.
• Madonna provoca nova polêmica com o videoclipe de “Like a Prayer”, proibido em vários países e vetado por algumas emissoras de TV brasileira, por pressão da Igreja.
• O petroleiro Exxon Valdez, depois de uma colisão, derrama na Baía do Alasca 40 mil metros cúbicos de petróleo.
Abril
• A revista Veja coloca na capa uma foto de Cazuza com a polêmica e controversa chamada: “Uma vítima da aids agoniza em praça pública”.
Junho
• Morre a cantora Nara Leão, aos 47 anos.
• O Exército Chinês reprime protestos estudantis na Praça da Paz.
• O Who abre sua turnê comemorativa de 25 anos de carreira com uma apresentação da ópera-rock Tommy em Nova York.
Agosto
• Morre Raul Seixas, vítima de parada cardíaca, aos 44 anos.
Novembro
• É autorizada a circulação entre as duas Alemanhas e o muro de Berlim, símbolo do comunismo, é derrubado.
• Fernando Collor vence as eleições para presidente do Brasil.

Tesouros perdidos do heavy metal brasileiro

Vários
SP Metal (Baratos Afins, 1984)
Você não sabe se ao fundo estão guitarras ou um enxame de abelhas. Mas quem se importa com detalhes? Essa coletânea é um verdadeiro marco do metal nacional.
Robertinho de Recife
Metal Mania (RCA, 1984)
Antes dos metaleiros assombrarem o Rock in Rio, foi dado o alerta: o guitarrista trouxe o virtuosismo, a estripulia e o penteado poodle do metal americano para o Brasil. Coisa fina.
Platina
Platina (Baratos Afins, 1985)
Formado pelos irmãos Andria e Ivan Busic (futuros Dr. Sin), o Platina seguia linha metal “trampado”. O visual, de calças colantes e bandanas, também ajudava bastante.
Centurias
Ninja (Baratos Afins, 1988)
Relançado em CD, este disco saciou os metaleiros numa época de shows internacionais escassos e discos importados caros. Inclui “To Hell”, que ironiza os satanistas de plantão.
Sarcófago
I.N.R.I. (Cogumelo, 1986)
Com um líder que atendia pelo blasfemo nome Wagner Antichrist, dá para imaginar o som do grupo: black metal. “Rivais” do Sepultura (antiga banda de Wagner), lançaram pelo mesmo selo esse que é considerado umas das obras maiores do estilo.
Golpe de Estado
Forçando a Barra (Baratos Afins, 1989)
Quando o vocalista Catalau ainda cantava a vida louca, o grupo compôs clássicos do hard rock brasileiro como “Noite de Balada” e “Onde Há Fumaça, Há Fogo”.

O personagem: Carlos Vândalo

Cabeludos se ajoelhavam à sua frente. Pimpolhos foram batizados com seu nome. Tributos foram lançados em sua homenagem. Carlos “Vândalo” Lopes foi um mito dos recônditos do heavy metal brasileiro. Com uma perseverança invejável, tornou seu grupo, o Dorsal Atlântica, um símbolo de resistência e influenciou o surgimento de várias bandas, entre elas o Sepultura.
Ultimatum (1985) e Antes do Fim (1986) saíam do terreno do rock hard/glitter da década de 70 – os discos apresentavam um som híbrido de heavy metal, hard rock e hardcore. O Dorsal foi um primeiros grupos a fazer manobras para reunir punks e headbangers. Mais politizado do que seus pares, Carlos Lopes fugia de clichês como “marchando pelo campo como guerreiros” em suas letras. Sem o apoio das gravadoras, a banda era esquecida pelos grandes festivais de metal que aconteciam na década de 90. Até que a fidelidade canina de seu público organizou um abaixo-assinado com 30 mil nomes para incluí-la numa edição do Philips Monster of Rock.
Contudo, o grupo entrou em colapso no final dos anos 90 motivado por álcool, drogas e o conseqüente cansaço de Carlos. “Como estilo, o metal morreu há muitos anos”, decretou em 2003, quando já tocava com o grupo glitter Usina Le Blond e o hard rock Mustang.Fonte: supermundo

Você ri do quê??

 "passei a gostar de água, depois que minha sogra morreu afogada"

Você já deve ter visto ao menos uma das cenas abaixo na TV nos últimos meses:

- Danilo Gentili encarnando o repórter inexperiente no programa Custe o Que Custar, o CQC. Ao padre Marcelo Rossi, Danilo perguntou se ele gravou um cd "demo" e o vereador Agnaldo Timóteo foi chamado de Agnaldo Rayol, enquanto o humorista derrubava o microfone e lia perguntas absurdas de um papel amassado.

- Marcelo Adnet, apresentador do programa 15 Minutos da MTV, imitando o ator José Wilker cantando funk: "Quem não dá incentivo para o cinema: créu / quem não gosta de arte em geral: créu, créu, créu".

- O falecido deputado/estilista/apresentador Clodovil Hernandez sendo perseguido pela turma do Pânico na TV. Para lotar o teatro em que a peça de Clô estava em cartaz, os personagens Vesgo e Silvio levaram um ônibus cheio de senhoras à apresentação, na campanha batizada de "Lota Clô".

Os 3 programas passam todas as semanas em 3 emissoras diferentes. E, apesar das diferenças no jeito de contar piada, todos os 3 têm o mesmo objetivo: fazer você rir. Como eles fazem isso e por que você dá uma risada no final são perguntas que até pouco tempo atrás ninguém sabia responder ao certo. Hoje, pesquisadores já encaram o ato de rir como assunto sério e digno de pesquisa. E é por isso que vamos tentar entendê-lo agora.

Humor é a capacidade de rir e fazer rir. É uma característica tão universal e inata, que até mesmo bebês cegos e surdos dão risada. Isso porque ele faz parte do sistema de recompensa do cérebro, aquele que libera dopaminas e outros hormônios reponsáveis pela sensação de prazer - o que torna uma boa risada comparável a fazer sexo, ouvir música ou usar drogas. É, também, um traço de personalidade muito valorizado, tanto que 94% das pessoas consideram ter um senso de humor acima da média (o que já é engraçado em si, porque em qualquer situação apenas 50% das pessoas podem estar acima da média).

Dentro da nossa cabeça, humor nada mais é do que a quebra de um padrão mental. Funciona assim: quando alguém conta uma piada ou narra uma história engraçada, a situação inicial parece perfeitamente normal. O que vem em seguida é que é inesperado - e causa a risada. Para entender essa lógica, vamos fazer aquilo que deveria ser evitado: explicar uma piada. Peguemos um exemplo:

- Mamãe, cansei de brincar com o vovô.

- Tá bom, filho. Guarde os ossos no caixão, escove os dentes e vá dormir.

A graça nessa piadinha de humor um tanto macabro está na parte final da história. Com base na primeira frase, ninguém esperaria que o avô da criança estivesse morto. Mas é exatamente isso o que acontece, e o inesperado fato de a piada se passar com uma família mórbida (a Adams, talvez?) faz você rir. Quanto mais impensada e inovadora for a situação, mais engraçada é a cena. Por isso, é hilário ver os repórteres do CQC perguntar ao presidente Lula sua opinião sobre a escalação do Corinthians ou ver o Marcelo Adnet cantando Sweet Child o’ Mine com a voz do Silvio Santos: a cena é tão inusitada que você ri.

Mas esse negócio de quebrar padrões só é engraçado porque nosso cérebro tem mania de organizar tudo em lógicas perfeitas. Essa habilidade foi reforçada durante milênios pela seleção natural para que pudéssemos, por exemplo, encontrar comida, abrigo e companhia agradável - 3 elementos que seguem padrões de distribuição. "A habilidade de reconhecer padrões significa que podemos observar e prever o mundo ao redor. Isso deu a nós uma imensa vantagem sobre as outras espécies", diz Alastair Clarke, um teórico da evolução da Universidade de Oxford, na Inglaterra. A padronização não tem limites. Serve também para ligar um nome a um rosto, um resultado a uma conta matemática, um cheiro a uma lembrança. Nossos neurônios procuram padrões em tudo, inclusive em ideias. Se duas ideias forem muito distantes ou muito estranhas uma da outra, voilà, a gargalhada está garantida. E é aí que entram as diversas técnicas de fazer humor: a ironia (a Gisele Bündchen é mesmo horrorosa, né?), o exagero (faz 10 mil anos que eu não como), o duplo sentido (você tem dado em casa?) e o mais efêmero dos humores - o trocadilho (eu pinto retratos, o Jânio Quadros).

Mas, olhando para todas essas palhaçadas, ninguém diria que achar graça nas coisas é algo importante - o que de fato é. Por ser uma emoção, o humor tem funções que a própria razão desconhece. Primeiro, dar risada é uma forma de se comunicar. Sim, o ato de rir só foi criado pela evolução para que as pessoas ao nosso redor entendessem que estamos achando algo engraçado. "Nesse sentido, o humor é uma comunicação ainda mais antiga que a fala, porque até macacos conversam por meio do riso", diz Rod Martin, professor de psicologia da Universidade de Ontário, no Canadá, que estuda o humor há 30 anos. Segundo, compartilhar histórias engraçadas serve para formar grupos e alianças sociais importantes. São as famosas "piadas internas", que rolam soltas numa roda de amigos, mas que excluem aqueles que não as conhecem. E, terceiro, o humor tem a admirável função de deixar a vida mais leve e amenizar climas tensos. Há registros de que até os prisioneiros dos campos de concentração tiravam sarro dos nazistas. Afinal, quando algo de ruim acontece, nada melhor do que uma piada, certo?


O humor é meu

"Comédia é roleta-russa. Um dia me aplaudem porque fiz uma piada fácil da [cantora] Preta Gil, e outro dia porque fiz uma difícil sobre os pobres na África. Não existe nada infalível no humor", diz Danilo Gentili, do CQC, que também faz shows de stand up. Danilo tem razão. Nem todas as piadas funcionam com todas as pessoas o tempo todo. Uma das maiores tentativas de definir a piada mais engraçada do mundo foi feita por um pesquisador inglês, que promoveu uma enquete via internet com 1,5 milhão de eleitores e 40 mil anedotas concorrentes. A piada vencedora foi a que recebeu mais votos de diversos países. É esta aqui:

Dois caçadores caminham pela floresta, quando um deles cai no chão e para de respirar. O outro caçador pega o celular, liga para o serviço de emergência e diz: "Meu amigo morreu! O que eu faço?" Com a voz pausada, o atendente explica: "Mantenha a calma. A primeira coisa a fazer é ter certeza de que ele está morto". Vem um silêncio. Logo depois, se ouve um tiro. O caçador volta à linha e diz: "Ok. E agora?"

Achou engraçado? Não? Talvez a piada não mereça mesmo o título de melhor do mundo - ou talvez o seu humor seja outro. Sim, há dezenas de humores diferentes, e centenas de estudos tentando defini-los. Alguns são até engraçados. Por exemplo, descobriu-se que quem gosta de piadas escatológicas (aquelas que envolvem puns, cocôs e afins) também costuma ser mais negativo, hostil e, olha só, mais desleixado com a higiene. Outro estudo diz que quem prefere humor sexual e agressivo não valoriza o intelecto e tem menos complexidade psicológica. Já quem não gosta dessas piadas seria mais intelectual.

Tem estudo que diz até que fazer os outros rir é símbolo de status social - ou você acha que é por acaso que as piadas dos chefes são sempre recebidas com mais risadas? Tudo indica que traços de personalidade, tempo de estudo e experiências de vida são essenciais para definir do que você ri. "Eu tento direcionar minhas piadas para o público que me assiste. Em plateias de idosos, evito palavrões; numa pequena cidade do interior, já sei que falar de aeroporto não dá ibope porque lá ninguém anda de avião", diz Marcelo Adnet, do programa 15 Minutos. Na falta de uma piada universal, o jeito é se adaptar mesmo.

Mas talvez o fator que mais determine o seu tipo de humor esteja entre as suas pernas. Homens e mulheres lidam com o assunto de maneiras bem diferentes. Pergunte a uma garota o que ela procura num rapaz. "Senso de humor" costuma estar entre os top 3 requisitos mais desejados. De fato, um estudo conduzido por um psicólogo da Universidade de Baltimore dá esperanças aos feinhos. O trabalho mostrou que elas preferem parceiros desprovidos de beleza, mas engraçados, aos bonitões sem graça. Para as mulheres, humor é sexy. Talvez isso explique, por exemplo, o fato de Chico Anysio ter se casado 6 vezes.

Já as mulheres não têm tanta sorte. Para os homens, beleza continua sendo fundamental - mesmo se ela não tiver lá muita graça. "Mulheres se sentem atraídas por homens que as fazem rir, mas homens preferem mulheres que riem das piadas deles", diz Rod Martin. A consequência dessa diferenciação são milhares de homens palhacinhos. Pense na pessoa mais engraçada que você conhece. A chance de ela se chamar Joãozinho - em vez de Mariazinha - é muito maior. Isso, no entanto, não justifica a difundida (e injusta) crença de que mulheres não são tão engraçadas quanto homens. Só prova que eles estão mais acostumados e treinados a fazer piadas do que elas.


Experimente você também


Para alguns especialistas, humor é uma forma de inteligência ligada a habilidades sociais. Quem tem boa memória, e repara nos gestos e palavras alheios, costuma ser mais engraçado. Isso faz sentido: se você observa e se lembra de cenas divertidas, é mais provável que você possa imitá-las. "Eu presto muita atenção no que as pessoas dizem, e então pego as respostas e faço uma piada com isso. Mas, como um mágico (com perdão do trocadilho), o humorista também sempre tem uma carta na manga", diz Wellington Muniz, o Ceará, que faz o personagem Silvio no Pânico na TV.

A carta na manga a que ele se refere é a parte trabalhosa do humor. Não há matéria do CQC, imitação do Adnet ou entrevista do Pânico que não precise de um pouco de estudo antes de entrar no ar. São técnicas (como as das piadas que ilustram esta matéria), que qualquer um pode usar - e que inclusive os humoristas profissionais demoram um tempo para aprender. Ou seja, você também pode se arriscar. E aí, já ouviu a última do papagaio?


O humor, aos olhos dos especialistas

Veja o que os humoristas pensam do assunto
Wellington Muniz, o Ceará, do Pânico na TV
"É um estado de espírito, em que o regozijo de quem ri ou faz rir deixa as pessoas com mais ânimo e com um bem-estar indescritível."

Sabrina Sato, do Pânico na TV

"Tem o bom humor e o mau humor, sabe? Eu acho que nós, mulheres, a gente está sempre mudando de humor. Uma pessoa bem-humorada é uma pessoa açucarada, uma pessoa que come muito doce. O açúcar dá muito bom humor para mim. Mas eu gosto do mau humor também."

Rafael Cortez, do CQC

"Humor é uma coisa que transcende os limites daquilo que se conhece como humor. As pessoas acham que o humor é simplesmente tudo que é engraçado. Mas tem muita coisa que não é engraçada, que provoca em mim reações muito mais fortes do que uma simples piada."

Danilo Gentili, do CQC

"O humor é a forma que uma pessoa impotente, como eu, tem para se expressar sobre as coisas insignificantes, cruéis, estúpidas e atormentadas deste mundo. Mas, sendo mais sincero, hoje em dia humor é a forma como eu ganho dinheiro."

Marcelo Adnet, do 15 Minutos

"Não descobri ainda o que é o humor. Acho que é uma forma de expressão e crítica. É achar algo subliminar, que está na sua frente, e traduzir isso em algo engraçado. Mas será que alguém sabe o que é o humor? É difícil essa pergunta."


Qual é o seu?
Veja os 4 tipos de humor mais comuns e descubra com qual você se identifica

Agregador
É aquela pessoa que conta piadas, faz gracinha e é engraçada com o intuito de unir as pessoas e fazê-las se sentir bem. É o tipo de humor que reduz tensões num grupo - e, por isso também, costuma ser o mais popular de todos.

Agressivo
É o humor usado para criticar ou manipular os outros. Sarcasmo, ironia e provocações são as armas favoritas dessas pessoas, que acham graça em rir dos outros para se colocar numa posição mais bacana.

Autodepreciativo
Conhece algum gordinho que faz piada com seu peso para que os outros riam? Pois ele tem o humor autodepreciativo, que ri de si mesmo como mecanismo de defesa e para arrancar gargalhadas alheias.

Otimista
É a pessoa que se diverte sozinha, e que mantém um olhar positivo mesmo em momentos de estresse ou nervosismo. É o humor de bem com a vida, mas que não necessariamente faz os outros rir.
Fonte: Supermundo

Por que a água molha??

por Tarso Araújo
Pra começo de conversa, a água não molha tudo. "Há coisas muito molháveis, como o papel. Outras menos, como o vidro (ele molha mas não encharca) e algumas que simplesmente não molham, como alguns tipos de plástico", diz o químico Watson Loh, da Unicamp. O que determina a capacidade de a água molhar ou não é a intensidade da sua interação com outras substâncias. Uma característica muito forte da molécula de água é a de formar pólos, como se fossem pequenos ímãs. Quando outras substâncias possuem a mesma característica, elas interagem com a água e molham - é o caso do algodão e do papel. As moléculas do vidro e dos metais também formam pólos de atração, mas nenhum dos dois fica encharcado, porque eles são sólidos lisos e não absorvem a água. Já o plástico, por ser feito de moléculas de carbono e hidrogênio, não tem pólos. A água não tem tanta afinidade com essa substância e prefere ficar na dela.

Não é molhe, não! Água encharca substâncias que atraem suas moléculas SUBSTÂNCIAS NÃO MOLHÁVEIS
Quando a gente coloca uma gota de água sobre um plástico, o líquido forma uma gotinha quase redonda, que escorre facilmente. Além de não ter pólos para interagir com a água, o plástico é bem liso
SUBSTÂNCIAS MOLHÁVEIS
O algodão e o papel, por exemplo, ficam encharcados com água. Além de possuirem pólos que interagem com a água como se fossem ímãs, eles são compostos de fibras cheias de buracos onde a água pode se depositar
SUBSTÂNCIAS "MEIO MOLHÁVEIS"
Sabia que nossa pele não tem pólos para interagir com a água? Se isso rolasse, a gente sedissolveria na chuva ou na piscina! Mas, como nossa pele é cheia de microburaquinhos, então um pouco de água se deposita nesses espaços.
Fonte: Mundo Estranho

Qual o nome e para que serve o caractere "¬"?

por Victor Bianchin
¬ NEGAÇÃO
O "¬" se chama negação e é um sinal usado na matemática e na lógica. Ele é colocado antes de uma proposição (fórmula matemática específica da área de lógica) para apontar se ela é falsa ou verdadeira. O "¬" também pode ser chamado de "negação lógica" e de "não lógico". Fora isso, o caractere é bastante utilizado na internet como emoticon, seja no formato "¬_ ¬", seja simplesmente "¬¬", indicando irritação, chateação ou falta de paciência.
NO TECLADO
Conheça o significado de caracteres estranhos que, como o "¬", às vezes aparecem por aí
¶ MARCA DE PARAGRAFO
Esta marca, que costuma aparecer em documentos com problemas de formatação, é bem antiga e já era usada pelos escribas no início de um parágrafo ou de uma seção de texto principal, assim como nos dias de hoje. Também é conhecida como "pacote" ou "pé de mosca", em português, e como pilcrow, em inglês
| BARRA VERTICAL
É um símbolo matemático que geralmente indica valor absoluto, mas que também pode ter outros sentidos em áreas específicas. Também chamada de "cesura". Na internet, a barra vertical, a barra inclinada (/) e a barra invertida (\) são os caracteres mais usados para fazer os contornos de desenhos e emoticons
Æ LETRAS AE CONTRAÍDAS
É uma junção entre as letras A e E. Faz parte de alguns alfabetos europeus, como dinamarquês, norueguês, anglo-saxão e nórdico antigo. Também já foi utilizada no latim e no inglês. Na língua inglesa, a dificuldade para reproduzir este caractere levou à sua substituição em algumas palavras por "ae" ou só "e"
‡ ADAGA DUPLA
Utilizada como marca de referência de notas de rodapé. Também é chamada de "diesis" ou "obelisco duplo". Existe uma versão deste caractere com uma adaga, usada para marcar o ano ou nome de pessoas falecidas
§ SEÇÃO
São duas letras S juntinhas. O caractere é utilizado principalmente em estatutos e códigos legais, quando seções particulares são citadas. No Brasil, criou-se a prática de associar o símbolo de seção aos parágrafos dos documentos, transformando-o também em um sinal de parágrafo
¦ BARRA VERTICAL QUEBRADA
Pode ser usada do mesmo jeito que a barra vertical e não tem nenhum sentido próprio específico. Mesmo não tendo muita utilidade, a barra possui nomes de sobra: "slash vertical", "vertibarra" e "linha divisora", entre outros
∫ INTEGRAL
É símbolo matemático, muito importante no cálculo. Pode aparecer repetido duas ou três vezes em uma mesma conta. Este símbolo deriva do "S longo", um caractere antigo que também serve de base para a letra ß do alfabeto alemão
HERA
É um ornamento no formato de folha de hera. Em inglês, é conhecido como floral heart ou hedera. É um antigo ornamento tipográfico, podendo ser encontrado em inscrições gregas antigas
SÍMBOLO GERAL DE MOEDA
Também conhecido como "Sputnik", este símbolo não possui uma função real. Em inglês, este caractere chama-se louse, que vem do alemão Fizlaus e significa "piolho-do-púbis"
MÍCRON
O símbolo vem de uma letra grega: é o diminutivo de M, chamado de miu. Foi adotado pela matemática como símbolo do mícron, que representa a milésima parte do milímetro. Apesar de estar virando uma prática comum, é errado usar o μ sozinho. A abreviação correta do mícron é μm.
Fonte: Mundo Estranho

Quantos megapixels tem o olho humano?

por Tarso Araújo
Nosso olho não funciona exatamente como uma câmera, mas dá para dizer que a resolução máxima que ele alcança é próxima de 250 megapixels. A câmera digital cria arquivos de imagem compostos de milhões de pontos. Cada ponto é um pixel e, para a câmera registrá-lo no seu "negativo" - o CCD (dispositivo de carga acoplada) -, entra em ação o photosite, o componente fotossensível das câmeras digitais. Ou seja: uma câmera que usa 1 milhão de photosites registra 1 milhão de pixels, ou 1 megapixel. No olho humano, o papel do photosite é desempenhado por cones e bastonetes, dois tipos de células fotossensíveis distribuídos ao longo da retina. Nos dois olhos temos cerca de 250 milhões dessas células e, portanto, podemos captar 250 milhões de pontos luminosos. Ou 250 megapixels. Mas, na prática, a coisa não é tão simples. "A visão em alta resolução forma-se apenas na fóvea, região que corresponde a um centésimo da área da retina", diz o neurofisiologista Renato Sabbatini. Isso não significa que basta dividir o número de megapixels por cem, porque a distribuição dos cones e bastonetes na retina não é uniforme como os photosites no CCD (veja a imagem ao lado). Para complicar ainda mais, no olho há a chamada interpolação: as imagens captadas por duas células são entrelaçadas. "Isso aumenta absurdamente a resolução da nossa visão", diz Sabbatini.
Fonte: mundo estranho